1. Porque é legal
Ainda me lembro da primeira vez que eu consegui tocar uma música inteira. Era alguma dos Titãs ou do Oasis, que na época estavam bombando nas rádios. Peguei o violão, uma revistinha de cifras e fui tentando encaixar acordes, melodia, letra e levada.Foi um parto.
Eu tinha me metido a fazer algo realmente inédito e a usar capacidades que eu nem sabia que tinha. Me virei do jeito que dava, ouvindo com calma, repetindo, catando milho e aprendendo por conta própria. Após vários dias de treino, calos nos dedos e frustração, eu finalmente consegui tocar a música todinha no tempo certo, como num passe de mágica.
Poucas vezes na vida eu tive um sentimento de realização tão foda quanto aquele de conseguir tocar uma música inteirinha, do começo ao fim. E ela soar legal. Na época, com 15 anos, a sensação que dava era de que eu tinha conseguido o impossível.
2. Porque bota a sua cabeça para funcionar
Nosso cérebro tem dois hemisférios. O direito controla o lado esquerdo do corpo, e o esquerdo controla o lado direito. Ambos são capazes de processar qualquer função, mas em geral, o lado esquerdo é especializado em tarefas lógicas, racionais e analíticas; o lado direito, em criatividade, livre associação e síntese de ideias.Em geral, pessoas têm um lado dominante sobre o outro. Quem é mais certinho e metódico tem dominância do lado esquerdo, enquanto que pessoas mais caóticas e de pensamento mais livre têm o lado direito dominante.
Indivíduos com treinamento musical e que saibam tocar algum instrumento acabam desenvolvendo um entrosamento maior entre os lados do cérebro, justamente pela prática do esforço motor de braços e pernas atuando em conjunto. Isso sem mencionar o uso da memória e da audição.
Moral da história: música ajuda a gente a ficar esperto.
3. Porque é parte da cultura do ser humano
Há mais ou menos 40 mil anos, nossos ancestrais inventaram um negócio chamado cultura. Essa cultura consistia numa série de hábitos estranhos e aparentemente aleatórios. Serviam, basicamente, para nos separar do resto dos primatas.Passamos a enterrar os nossos mortos. Inventamos roupas e enfeites. Começamos a pintar nossos corpos e as cavernas onde vivíamos. Criamos rituais estranhos em que matávamos outros seres vivos. E fizemos música no meio disso tudo, a partir de ossos, pedras e madeira.
Desde então, música passou a fazer parte do cotidiano do ser humano. Ela aparecia em qualquer atividade social. Cantava-se para trabalhar, para guerrear, para ninar crianças e para os deuses. Era mais fácil, diga-se de passagem, um indivíduo não saber ler e escrever do que não saber tocar algum instrumento ou cantar.
Chegamos ao ponto de, na Idade Média, incluirmos a música no quadrivium, conjunto das quatro ciências exatas da época (sendo as outras três aritmética, geometria e astronomia). Junto com as disciplinas do trivium (gramática, retórica e lógica), tínhamos as sete artes liberais ensinadas nas primeiras universidades.
O problema é que no século XX, por uma série de razões que não caberia neste artigo, delegamos aos músicos profissionais a tarefa de tocar e produzir música. Isso dura até hoje. Compramos discos, baixamos músicas, mas somos incapazes de pegar um violão para tocar três acordes simples. Temos uma relação distante, superficial e consumista com algo que foi literalmente nosso durante milênios. Algo que estava junto de nós o tempo todo, dentro de nossas casas.
4. Porque é um motivo bacana para reunir amigos, pegar mulher e socializar
Música é uma atividade coletiva e social, a menos que você seja um guitarrista que passe a vida trancado no quarto estudando com playbacks.Juntar amigos para tocar equivale a juntar o povo para fazer churrasco, jogar videogame, beber e falar besteira. Isso quando não fazemos tudo isso junto. Mesmo que seja uma banda de formação fixa, sempre tem os amigos que ficam para ouvir, tomar uma cerveja, socializar, chegar nas meninas e eventualmente substituir um integrante. Isso quando não rola revezamento de amigos integrantes toda semana. No fim, sobram as histórias que as pessoas contam.
Troque a palavra “banda”, no parágrafo acima, por ensaio de bloco de carnaval, roda de choro, samba, sarau e reunião na casa do fulano. Muda o repertório, mas a essência da coisa é a mais ou menos a mesma. Se for um coro, aumente o fator de diversão em umas dez vezes. Sim, corais são divertidos.
5. Porque é um hábito útil e que faz a vida valer a pena
A música sempre vem coroar os momentos importantes das nossas vidas. Elas trazem aquela carga emocional que faz a diferença entre um evento qualquer que você vai esquecer em uma semana e o acontecimento que ficará marcado a ferro e fogo na sua alma até o último dos seus dias, e cujo videoclipe vai passar na frente dos seus olhos quando chegar a sua hora.É por isso que trilhas sonoras de filmes são escritas com muito cuidado e muito carinho. É por isso que as músicas de casamento e formatura são escolhidas a dedo. É por isso que pessoas escolhem músicas que definem etapas da própria vida ou da vida como um todo. É por isso que se paga tão caro pela experiência de assistir um show épico.
Link YouTube | Você não precisa ser Paul para ninar seu filho com “Blackbird”
6. Porque movimenta dinheiro
Há todo um mercado em função da música. Mesmo numa época de crise no ramo fonográfico, somos o primeiro país do mundo em arrecadação com consumo de música. (Vale lembrar que o Brasil consome muito mais música própria do que música importada.)
Para proporcionar a experiência única de um show, negocia-se o aluguel de um espaço, segurança, infraestrutura e equipamentos de som para sua realização. Se for um show grande, também há movimentação de dinheiro na mídia. Durante o concerto, há venda de bebidas, alimentos e artigos da banda.
Downloads de arquivos de áudio e música por streaming, piratas ou não, movimentam o mercado de estúdios e produtores musicais, cuja tarefa é transformar uma performance em um arquivo de boa qualidade. Mesmo com a popularização de estúdios caseiros, ainda se paga para ter um bom profissional gravando bons artistas.
Também se ganha dinheiro com o mercado de ensino de música. Além de aulas, curadoria e consultoria em música, vendem-se publicações impressas e conteúdo online. Também é possível ganhar dinheiro com projetos de restauração e leis de incentivo à cultura.
O mercado de instrumentos e equipamentos também é gigantesco. Vende-se de tudo: cabos, microfones, mesas de som, pedais de efeito, roupas, acessórios…
Quer dizer que música faz a gente gastar dinheiro? Lógico que sim. Mas é um gasto de dinheiro e de tempo que acrescenta muito mais do que tira, na minha humilde opinião.
Link YouTube | Você não precisa de tanto…
A dificuldade inicial existe, mas ela só é proporcional ao que você deseja fazer. Se o seu plano é cantar mais que o Freddie Mercury, é lógico que você vai precisar de treino. Mas se o seu objetivo for apenas se divertir, tocar algumas músicas e ter histórias para contar, dá para fazer isso em poucas semanas. Sem aporrinhação nenhuma.
Aliás, é impressionante a quantidade de pessoas que não sabem o quanto sabem de música. Gente que canta melodias difíceis, cheias de modulações e outros termos técnicos do musiquês, e o fazem sem se darem conta.
Ninguém precisa ser chef para cozinhar bem, e nem lutar no UFC para saber se defender. Ninguém precisa ser atacante do Flamengo para jogar bola direitinho. O mesmo vale para música.
Para proporcionar a experiência única de um show, negocia-se o aluguel de um espaço, segurança, infraestrutura e equipamentos de som para sua realização. Se for um show grande, também há movimentação de dinheiro na mídia. Durante o concerto, há venda de bebidas, alimentos e artigos da banda.
Downloads de arquivos de áudio e música por streaming, piratas ou não, movimentam o mercado de estúdios e produtores musicais, cuja tarefa é transformar uma performance em um arquivo de boa qualidade. Mesmo com a popularização de estúdios caseiros, ainda se paga para ter um bom profissional gravando bons artistas.
Também se ganha dinheiro com o mercado de ensino de música. Além de aulas, curadoria e consultoria em música, vendem-se publicações impressas e conteúdo online. Também é possível ganhar dinheiro com projetos de restauração e leis de incentivo à cultura.
O mercado de instrumentos e equipamentos também é gigantesco. Vende-se de tudo: cabos, microfones, mesas de som, pedais de efeito, roupas, acessórios…
Quer dizer que música faz a gente gastar dinheiro? Lógico que sim. Mas é um gasto de dinheiro e de tempo que acrescenta muito mais do que tira, na minha humilde opinião.
7. Porque não é tão difícil como parece
Conheço muita gente que desistiu da música sem tentar direito. Eles achavam muito difícil.Link YouTube | Você não precisa de tanto…
A dificuldade inicial existe, mas ela só é proporcional ao que você deseja fazer. Se o seu plano é cantar mais que o Freddie Mercury, é lógico que você vai precisar de treino. Mas se o seu objetivo for apenas se divertir, tocar algumas músicas e ter histórias para contar, dá para fazer isso em poucas semanas. Sem aporrinhação nenhuma.
Aliás, é impressionante a quantidade de pessoas que não sabem o quanto sabem de música. Gente que canta melodias difíceis, cheias de modulações e outros termos técnicos do musiquês, e o fazem sem se darem conta.
Ninguém precisa ser chef para cozinhar bem, e nem lutar no UFC para saber se defender. Ninguém precisa ser atacante do Flamengo para jogar bola direitinho. O mesmo vale para música.
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